27 de janeiro de 2008

V

Nem nunca chegou.

Puff.

IV

Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.
Não chega, nunca chega, não vai chegar.

III

Nunca chegou.

Pedimos a uma pessoa que não conhecemos, uma pessoa grande com muitos empregados, que nos empreste dinheiro.

É hora de te sentares naquele banco, de ajeitar o nó da tua gravata azul (que a tua mulher te deu. Foi barata, o dinheiro não deu para mais), e rezares para que tudo corra bem.

Do outro lado, está um senhor como tu, de sorriso amarelo. Analisa os TEUS papeis, as tuas CONTAS, a TUA vida. Sabe mais de ti, do que tu próprio. A ideia é assustadora. Sorris também. Dizes que sim, que vais pagar tudo. Tens perspectivas de carreira, e o patrão até gosta de ti (és mentiroso, és mentiroso!).

Não sei se o senhor do sorriso amarelo acreditou em ti. Achas que sim? Mas afinal, pouco interessa. Ele tem um patrão que quer dinheiro. Empresta-te o dinheiro.

Os papéis resolvem problemas reais?

Compras os patins. Abates a dívida que tinhas no Jumbo e no Carrefour. Já podes comprar a mercearia deste mês.

Sobrevives na tua frágil casa de fósforos mais um dia.

Até que ponto isso chega?

II

Eles são loucos, completamente loucos.

Vivem em caixas de fósforos, frágeis e pequenas, onde cabem cerca de 100, 200, na mesma caixa. Não sei se têm espaço para lá viverem, mas vivem. E quase que sorriem lá dentro, quase que têm orgulho em dizer que isto, sim , isto, é deles meus amigos. Que conquistaram a caixa de fósforos da vida deles.

Até que, um dia, o vento sopra, e a casa, perdão, a caixa, vem abaixo. É frágil, é um irreal que acaba por ser tão real aquando o momento em que o fósforo se acende.

Anda em ovos gigantes com rodas, que se alimentam daquilo que não era mais preciso no mundo. Coisas que lhe fazem mal. Não são medicamentos. Não são antídotos. São ovos ambulantes, frágeis, que se partem. O pintainho, o pinto, não sobrevive.

Vivem daquilo que mais atormenta a alma. Fazem, na sua maior parte, todos os dias, aquilo que mais odeiam. Colocam a sua happy face, e siga. É segunda feira amigo, não vivem sem o meu trabalho.
São quase odiáveis. Mas como posso odiar eu, alguém que faz o que faz, porque quer lutar para sobreviver no mundo das caixas de fósforos, dos ovos?

Em troca, recebem papel. Às vezes, nem isso recebem. Dirigem-se a televisões colocadas na rua, digitam um código, e recebem um papel (afinal sempre o recebem!) com a quantia X, que ganharam no mês Y, onde trabalharam Z horas.

Suspiro.

Podia ser mais.

Podia ser muito mais.

Não chega.

Não chega para o colégio da Maria e para pagar os patins do Fábio. E ele tem tirado notas tão boas!

Não.

Não vai chegar.

Quando chega?

I.

O estranho do mundo, é que ele existe. Existe, e está por aqui.
O mais estranho é que ele é visual. É auditivo. É sentido por todos os sentidos e mais algum.

Não querendo fazer reflexões sobre o dia-à-dia, estas acabam por acontecer. O evento X, origina pensamento Y, que causa reacção Z. Quando damos por nós, estamos preparados matematicamente para o futuro. Como se fossemos máquinas. Já sabiamos o que ía acontecer, já sabíamos o que esperar.

O curioso, é que não era suposto o mundo ser racional. As coisas aconteciam e ponto. Não no mundo físico, que tem sempre explicação, mas sim no fundo humano. Não era suposto, não estava previsto, que isto acabasse assim. Mas afinal, acabou por dar este resultado.

Assim como o PI é 3,14(...).

Alguns até já dizem que nos apaixonámos porque tem de ser. Porque aquela pessoa (aquela que pensaste que tinha despertado, acordado o amor que em ti vivia) tem o químico YH2, que combina perfeitamente como teu JT4.

Diz-se.

Diz-se por aí. Não quer dizer que seja a verdade, eles não são Deus. Posso eu ser Deus?
Sou Deus. No meu mundinho, naquele que não se explica, do que não tem nada para ser explicado. Eu não quero.

A verdade. A verdade pode ser complicada. E é. Eu não a quero saber.

A mentira. A mentira é cruel, mas sabe tão bem... Às vezes.

A dor. É física? É psicológica? É? O que é?

Nós. Nós somos as formigas do mundo, que o tentam explicar.

Tu. Tu és aquele que lê. Que me acha isto. Ou aquilo.

Aquilo? Sim, aquilo. O que eu não sei que é. Talvez não queria saber. Talvez sim.

Existência complexa de CO2 combinada com ¾ de H2O mais o que ele trouxe num frasco em pó e eu não.

Loucos, eles são loucos. E eu ainda mais.

24 de janeiro de 2008

Nem tudo isto é triste, mas tudo isto é fado.

13 de janeiro de 2008

Não que eu goste particularmente de futebol, mas tenho saudades destes anúncios, que ainda traziam alguma coisa de interesse à publicidade.




12 de janeiro de 2008

Existem poucas bandas que me fazem arrepiar. Mas esta é uma delas.


Eles são os Linda Martini e são bons.

10 de janeiro de 2008

Elogio do Amor

"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber.
Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e é mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, banançides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas.
Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra.
O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.
Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. é uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra.
A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessýria. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também."



Miguel Esteves Cardoso in Expresso